Dia 5 de Fevereiro

 

Dia 5 de Fevereiro

Carta 02

v25. Durante todo esse tempo, eu não disse nem uma palavra a respeito das minhas semanas no deserto. Sentia que ainda não era o momento.

v26. Por fim cheguei a minha aldeia, Nazaré, e o povo caçoou abertamente de mim, apontando meu aspecto imundo e minha roupa rasgada. “Vagabundo, preguiçoso, sujo” foram algumas das palavras mais amáveis que me lançaram.

v27. Cheguei à porta de minha mãe com um sentimento de pavor, pois eu sabia que ela ficaria mais chocada do que seus vizinhos ao me ver diante dela: magro, mostrando os ossos sob a pele, os olhos fundos, as bochechas vazias, a face queimada, os lábios rachados do sol, a barba longa e embaraçada. E a roupa! Ficaria furiosa ao ver minha roupa – sua cor original totalmente irreconhecível pelo pó do deserto e o tecido desfeito e rasgado.

v28. Subi os degraus e preparei-me para aguentar a fúria de minha mãe. Quando chamei, minha irmã veio à porta. Olhou-me boquiaberta, assustada e com os olhos arregalados e bateu-me a porta na cara. Ouvi-a correr para os fundos da casa, gritando:

— Mãe, venha depressa, há um homem velho e sujo na porta.

v29. Escutei minha mãe resmungando irritada para si mesma, enquanto corria para a porta. Abriu-a de repente e ficou paralisada pelo choque. Eu sorri por um momento, ela olhou-me de cima a baixo cada vez mais horrorizada ao dar-se conta de que este homem de terrível aspecto era de fato seu filho rebelde, Jesus.

v30. Estendi minha mão para ela, dizendo: — Sei que causo pena a você, mas pode ajudar-me?

Imediatamente sua expressão mudou e, levando-me para dentro, trancou a porta. — Depressa, – disse para minha irmã assustada. Deixa de escândalo e põe água para ferver. Seu irmão está morto de fome. Não importa em que confusão se meteu, ele é da família. Temos que cuidar dele.

v31. Suavemente me ajudou a tirar a roupa, inclinou-me sobre um grande recipiente de água e esfregou-me até ficar limpo. Lavou-me, cortou meu cabelo e barba e cuidadosamente cobriu as feridas do meu corpo e lábios com uma pomada cicatrizante.

v32. Nenhum de nós quebrou o silêncio. Saboreei o amor que ela me demonstrou e tentei demonstrar minha gratidão com uma atitude mais doce e sensível.

v33. Depois de vestir-me uma túnica limpa, ela serviu-me uma refeição frugal de pão, leite e mel. Relutante, deu-me vinho para recuperar as forças, embora estivesse claro que ela pensava que era o vinho a grande causa de minha terrível situação.

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