O Reino de Deus Dentro de Nós  

(O Caminho para a Consciência Crística)

Jesus disse: “O reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17.21).

 Cristo enfatizou muito o “Reino de Deus” como algo dentro de cada um de nós e como imprescindível na nossa identificação com o Pai, pois o reino é a própria presença do Pai. Só que a interpretação dessa mensagem do Reino foi muito equivocada pelo entendimento do sistema religioso. Entenderam que o reino de Deus seria a expansão do cristianismo ou de todas as igrejas chamadas cristãs. Entenderam que o Reino de Deus seria a expansão do evangelho institucionalizado se expandindo pelo mundo; mas não é nada disso. “O Reino de Deus”, é aquele lugar dentro de nós, onde toda a doença desaparece e cada necessidade é satisfeita! Onde reina a perfeita paz, sossego, descanso, quietude e luz.

 Essas palavras: “O reino de Deus está dentro de vós”.  foram ditas não para judeus fiéis e consagrados a Deus, ou mesmos para os seguidores de Cristo, e sim para os fariseus, o seguimento religioso mais hipócrita da época, a quem Jesus comparou com sepulcros caiados. Mas mesmo assim Jesus fez essa fantástica revelação em relação esse tesouro dentro de cada um deles: “O reino de Deus está dentro de vós”. Isso deixa bem claro que independentemente da pessoa ter alguma experiência com Deus ou não, o reino de Deus está dentro dela. A posição dela sobre isso, se ela vai acessar ou não, se vai viver de acordo com ele ou não, é outra história. Mas aí está à verdade em relação à presença de Deus na vida do homem. Deus não está na vida do homem pelo mesmo ser religioso ou bonzinho, ou ter alcançado algum nível de espiritualidade, e sim porque ele foi criado com esse recurso da dimensão divino que sua alma (ou espírito). Isso faz parte do projeto de Deus para o homem, o que o homem vai fazer com esse tesouro não depende, primeiramente, de Deus. É claro que se ele buscar desenvolver esse reino nato dentro dele, terá todos os recursos de Deus para assisti-lo. Mas a decisão é do homem pois ele tem o livre arbítrio para fazer tal escolha.

O reino de Deus está encapsulado (oculto) na vida de quem nunca procurou desenvolver um relacionamento com Deus ou conhecê-lo; e ativo (expandido) na vida de quem está em um relacionamento íntimo com o seu Criador. O nível da atividade do Reino de Deus dentro de cada um, depende do nível de conhecimento (luz) que cada um tenha de Deus. Não me refiro ao conhecimento intelectual e racional, mas a um conhecimento espiritual, revelado, que pode ser adquirido pela vida de comunhão com Deus e nas leituras das Escrituras Sagradas, feitas com o coração, mente e alma abertos, com oração e meditação. Isso independe de qualquer crença ou dogma religioso, ou lugar, culto, ritualismo, cerimônia ou templos sagrados. Depende apenas da pessoa querer buscar esse Reino com muita seriedade e dedicação, com toda motivação interior. O “buscar” aqui é uma metáfora, uma vez que o Reino está dentro de cada um de nós. Na verdade é uma descoberta, uma revelação, uma conscientização  dessa realidade; isso é tudo de que precisamos. O núcleo da esfera de ação desse reino em nós é a nossa alma (ou espírito). Na nossa concepção, na fecundação, na união do espermatozoide com o óvulo, a nossa alma foi inserida pelo Criador como uma centelha Divina. No ápice de uma cópula, no orgasmo, a energia que há no encontro do espermatozoide com óvulo acontece, como relâmpago, de ambas as consciências humanas, a da mulher e do homem, um acesso à Consciência Divina; e nesse lampejo das três consciências acontece a injeção da alma e com a sua existência em ação, começa-se a desenvolver a consciência humana dela, sua psique o seu “eu”. Das três consciências emana a quarta, de um novo ser.

Portanto,  é na nossa alma que está a Consciência Divina, a centelha de Deus, o Reino de Deus. O “eu” que mais recentemente veio a ser traduzido por “ego”, faz parte da nossa constituição humana e foi criado como guardião da nossa individualidade e personalidade, na concepção também. A Consciência Crística está na nossa alma, e a consciência humana está no nosso eu. O Reino de Deus começa a se expandir em nós, quando a consciência Divina (Crística) entra na nossa consciência humana e assume o controle. É quando acontece a  Reconexão, a Iluminação, o Novo Nascimento, a Vida Plena, a Verdadeira Libertação e Salvação.

Veja que na concepção, o Reino de Deus, a alma, a centelha Divina, a Consciência Divina, ou Crística, foi inserida na criança. Se a criança pudesse viver no estado de consciência e inocência em que nasceu, nunca deixaria de experimentar o Reino de Deus e tudo que faz parte dele. Mas na medida em que essa criança se desenvolve, sua mente vai ficando condicionada pelos ensinamentos impostos pela sociedade ao longo dos milênios. Ensinamentos que a leva a consciência humana ao um distanciamento cada vez maior do Reno de Deus. Quanto mais velha ele fica, se não houver uma busca, mas distante fica da realidade divina, da consciência deste Reino de Deus.

 Está claro pelas palavras de Cristo que  o Reino de Deus, como já foi mencionado, está dentro de cada pessoa independentemente de sua experiência com Deus. Mas está escrito também que nem todos estão dentro do Reino de Deus. Qual a diferença?  A diferença é que, cada pessoa nasce com o Reino de Deus em sua alma, isso não depende dela; mas para entrar no Reino é preciso buscá-lo  com todo o coração e em primeiro lugar, renunciando  todos  os impulsos egoístas do ego. Entrar no Reino de Deus é um processo que depende do esforço e dedicação do buscador. Se isso não acontecer, ele viverá com o reino de Deus na sua alma, mas nunca o acessará por toda a sua vida. Uma coisa é ter o Reino dentro de nós e outra bem diferente é entrar no Reino. O Reino deve ser buscado, levando em consideração, que o mesmo está dentro e fora de nós. Se o buscarmos olhando somente para fora, nunca o acessaremos. Os textos abaixo mostram que há essas duas experiências, ter o Reino ou entrar no reino:

Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós. (Lc 17.21)

E Jesus, vendo-o assim triste, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! (Lc 18.24)

Porque é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. (Lc 18.25)

Jesus respondeu: "Com toda a sinceridade que tenho, digo-lhe isto: Se você não nascer de novo, nunca poderá entrar no Reino de Deus". (Jo 3.3)

Jesus respondeu: "O que Eu lhe estou dizendo tão sinceramente é isto: Se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. (Jo 3.5)

Fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus. (At 14.22) 

 Ainda que o homem seja temporariamente tão imperfeito no seu comportamento, não há nada absolutamente impossível para ele no futuro uma vez que, apesar de seus erros, no momento da Iluminação ele se torna um com o “Poder Criativo” e o “Poder Criativo” está dentro dele, dando-lhe vida, saúde e tudo o mais de que ele necessita.

 Para encontrar o Reino de Deus no seu interior, no qual a alma está em harmonia com a Realidade Divina, deve chegar um tempo em seu desenvolvimento no qual você não desejará ser atraído para as percepções e consciências terrenas nas quais vivem os seres humanos entre si. Mas se elevar para uma posição altruísta em relação aos outros.

O “Reino de Deus” está em vocês. Entram no “Reino de Deus” quando percebem plenamente que o “Pai” está o tempo todo ativo em vocês. É um estado da mente, de percepção e entendimento de que a Realidade, por trás e dentro de todas as coisas visíveis, é o “Pai”, formoso e perfeito e que todas as coisas que são contrárias à beleza, à harmonia, à saúde e à abundância, são criações do pensamento equivocado do homem.

 Mas devo avisá-los de que o Caminho que leva ao Reino de Deus é difícil de seguir e isso quer dizer que – primeiro – terão de lidar com o seu “eu”. Por que é que terão que se ocupar do “eu”? Porque é do desejo de proteger e de promover o seu bem-estar pessoal que procedem todos os pensamentos, palavras e atos egoístas.

Assim, se querem mudar suas vidas  e entrar no Reino de Deus – mudem seus pensamentos, mudem suas palavras decorrentes desses pensamentos, mudem suas ações decorrentes desses pensamentos.  Aquilo que está em suas mentes criará todas as suas experiências, suas doenças, pobreza, infelicidade e desespero.

— Mas, o que é isso!?

— É um estado de mente e de coração no qual você está plenamente possuído por “Deus” – seu “Pai”. Quando você está nesse estado, o “Pai” é a cabeça de seu corpo e dirige tudo o que você faz e toda a sua vida.

— Como isso é possível?

— É possível estar tão vazio do “eu” – de desejos egoístas, inimizades, raivas, ciúmes, cobiça, de desejos de vingança, que somente “Deus” fique no controle de sua mente e de seu coração.

 — E depois, o que acontece? – você pode perguntar.

— Então você entra no “Estado de Ser” que é “dirigido por Deus”. Isto é totalmente belo e glorioso. É amor, é generosidade, é cuidar dos demais como cuida de si mesmo, é não julgar, pois você aceita os outros tal como são, sabendo que também são filhos de “Deus” e que estão igualmente sob o cuidado do “Pai”. É felicidade sem medida, impossível de descrever, é sentir alegria pela beleza do mundo, é vida sem limite e energia aumentada, é saúde e é a satisfação de cada uma de suas necessidades mesmo antes de tê-las.

 Antes de continuar quero fazer uma rápida consideração sobre outras terminologias que podem ser aplicadas em relação ao  acesso do “Reino de Deus” dentro de nós. Acessar  essa dimensão Divina em nós é o ápice de todo buscador. Nenhum projeto em nossa vida é tão imprescindível quanto ao Reino de Deus. Jesus disse que devemos buscá-lo em primeiro lugar e todas as demais coisas nos serão acrescentadas (Mt 6.33). Todavia esse Reino não deve ser buscado como meio para alcançar qualquer bem que seja, tanto no aspecto espiritual, físico ou financeiro. Com certeza, ao acessarmos o Reino, tudo de bom na nossa vida, como disse Cristo, será acrescentado, mas  o reino deve ser buscado em si como fim e não o meio; o reino nos faz completos em si, e não as coisas que serão acrescentadas.

 Mesmo sabendo que a abundância é acrescentada, nas finanças, na saúde, no descanso, no relacionamento e no sucesso em tudo, não devemos focar nada disso. Tudo isso será uma consequência natural e automática dessa Reconexão Divina. A causa é o acesso ao Reino e os efeitos são as demais coisas. Se focarmos os efeitos perdemos a causa e consequentemente os efeitos também.

Portanto, vamos às terminologias  aplicadas:  O primeiro termo em relação ao Reino de Deus tem a ver com o Novo Nascimento, ou regeneração

Por mais de 40 anos, como estudioso da Bíblia e desses mais de 40, 35 como pastor, não poderia deixar de usá-la como base, já que nela está mencionado claramente em relação a essa experiência na teologia. Um dos maiores problemas dos ensinamentos bíblicos (teologia), é a superficialidade. Tratam-se de um monte de coisas, mas não tratam  do cerne da questão. Por isso uma pessoa pode viver a vida toda dentro de uma igreja, ser um membro ativo, participando de todas as suas atividades, sendo um contribuinte generoso, ser fiel a Bíblia e ao pastor,  participar de todos cultos, jejuns, campanhas, correntes, vigílias; em fim, tudo que caracteriza um cristão consagrado e pleno, dentro do Cristianismo, ou da vida cristã; e ainda assim não viver está experiência maravilhosa do novo nascimento.

 Também a maioria dos mestres e pregadores, dentro do Cristianismo, não consegue, ou não querem ver essa experiência por esse ângulo. Ensinam que se alguém aceitar Jesus como Salvador e ser fiel aos princípios bíblicos, é o bastante. E na verdade para alcançar esse nível profundo de experiência com Deus, precisa de muito mais do que uma obediência superficial e sistêmica.  Também o medo de aprofundamento no desconhecido  e a fidelidade à tradição, às crenças vazias e aos dogmas, os mantem na superficialidade.  Essa maravilhosa experiência, do novo nascimento, não depende de religião ou igreja, mas a igreja deveria ensinar isso com mais profundidade, para que os seus integrantes pudessem ter um melhor conhecimento, já que ela se propõe ser a guardiã da verdade.

Paulo falou bem claro dessa iluminação ou novo nascimento: "É por isto que Deus diz nas Escrituras: "Desperte, dorminhoco, e levante-se dentre os mortos; e Cristo iluminará você" (Ef 5.14).  Isso significa claramente que os que não nasceram novamente  estão mortos espiritualmente. Depois do novo nascimento, nos tornamos novas criaturas com ações e atitudes inteiramente novas. Veja o que Paulo disse: "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas". (BLH) "Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo" (2Co 5.17).

Ou somos novas criaturas, com novos pensamentos, novas emoções, novos sentimentos, novas motivações, novas atitudes e ações; ou não nascemos de novo. Não é fácil encontrar pessoas assim dentro das igrejas.

 Digo isso, porque, sendo cristão por mais de 40 anos e pastor por mais de 35 anos, como já disse,  tendo contato com milhares de cristãos, dentre eles muitos pastores, mestres, escritores e pregadores, no Brasil e fora dele,  não me lembro de ter conhecido um cristão que esteja vivendo esta experiência. Você conhece?  Quando vamos para a literatura cristã, encontramos alguns mencionados na história. Se o leitor é cristão deve lembrar de alguns intitulados heróis da fé, bem como: Jerônimo SavonarolaMartinho LuteroJoão BunyanJônatas EdwardsJoão WesleyJorge WhitefieldDavi BrainerdGuilherme CareyChristmas EvansHenrique MartynAdoniram JudsonCarlos FinneyJorge MüllerDavi LivingstoneJoão PatonHudson TaylorCarlos SpurgeonPastor HsiDwight Lyman Moody , JÔNATAS GOFORTH e outros que não se tornaram tão conhecidos como esses, mas tão importantes quanto.  Se você pesquisar na internet, cada um desses nomes descobrirá quem foram eles. De fato, eles viveram uma experiência muito além da que conhecemos. 

 Parece um numero considerável, mas não é, levando em consideração a quantidade de anos que a historia deles cobriu e a quantidade de cristãos que viveram no mesmo período. Portanto, o que é esse número levando em consideração os milhões que viveram nesse mesmo período, uma vida infrutífera, medíocre, minguada e tacanha. Por que será? Como já mencionei, falta de ensino correto. Não pode ser outra coisa se não isso. Esses mencionados acima se embrenharam por conta própria nessa jornada infinita, não dependeram necessariamente de dogmas e ensinamentos condicionados.

Vejamos o que é mencionado na Bíblia.  Vamos começar com o que Jesus disse a Nicodemos, (Jo 3); um texto famoso cuja narração é interpretada como novo nascimento, e que por sua vez é necessário para se entrar no Reino de Deus. O reino de Deus aqui e em outros textos, não tem nada ver com o céu, com igreja ou expansão do evangelho; tem a ver, sim, com o fluir de Deus em nossas vidas aqui na terra, vida plena ou abundante, da qual Jesus disse em João 10.10. É verdade, a interpretação está corretíssima, ninguém pode entrar ou desfrutar do Reino de Deus se não nascer novamente. Mas o que é o novo nascimento? Como se nasce novamente? A prática dos ensinamentos de Cristo, principalmente os que estão no sermão do monte  (Mt caps 5,6,7), e nas suas Cartas, com oração e meditação constante.

 A teologia  entende, baseada neste texto, que para nascer novamente,  precisa-se aceitar Jesus. Mas se observamos bem,  vamos perceber que o receber ou aceitar a Jesus, na interpretação da teologia, não gera em ninguém o novo nascimento. O recurso para nascer de novo só pode ser ativado quando a pessoa colocar plenamente seu foco em Deus e não pelo fato de assumir tal postura  pela igreja na religião. Isso inclui imprescindivelmente, no caso da teologia, os ensinamentos de Cristo, na prática. Fora disso, ela pode se tornar apenas um membro ativo de uma igreja sem nunca ter  nascido de novo; o que  não teria nenhum valor. Nesse caso ela pode se tornar uma religiosa, um "cristão", um teólogo, um pastor (até mesmo de uma mega igreja), um "apóstolo"; mas nunca ter nascido de novo; portanto, sem reconexão ou iluminação e sem acesso ao Reino de Deus. Com isso a teologia concorda plenamente, e sobraria uma minoria ínfima de regenerados (ou iluminados) dentro do sistema cristão. 

 Por outro lado, a pessoa ao descobrir que tem em si o recurso para se regenerar, toma uma posição irreversível e cem por cento em relação a Deus e seu reino em primeiro lugar, experimentando, assim, o novo nascimento, essa é a única forma. Portanto para nascer novamente, é necessário focar a vida com Deus e buscá-lo em primeiro lugar; ser um auto observador  e vigilante de todos os seus pensamentos, palavras, sentimentos, atitudes ininterruptamente, e isso com leitura sadia, meditação, oração e amor incondicional a todas as pessoas, seja elas amigas, indiferentes ou inimigas. Os seus impulsos  egoístas precisam ser dissolvidos completamente. Ninguém consegue amar incondicionalmente sem que o ego seja plenamente inativado.  É um processo trabalhoso e difícil, por isso dependemos cem por cento de Deus para fazermos a nossa parte. Essa é a razão de muitos passarem a vida toda e não conseguirem essa bênção sem igual.  Mesmo sendo procedente de Deus, ninguém o fará por ti. Precisamos superar todos os impulsos do ego e substituí-los pelo amor incondicional. Cristo disse: "... o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele" (Mt 11.12).

 Por essa razão a maioria esmagadora dos chamados cristãos nunca nasceu de novo, pois, nunca foram iluminados, nem reconectados, nunca foram salvos, libertos, não vivem um estado de paz e descanso profundos, um estado de vida plena, abundante e frutífera.

Dentro do conceito cristão, quando uma pessoa  recebe Jesus como Senhor de sua vida, ela é salva e ao morrer irá para o céu. Mas ela, dizem, para ir ao céu, não precisa viver uma experiência profunda  com Deus, não, basta aceitar Jesus como salvador, pois Jesus já fez tudo por ela na cruz. Na verdade isso é uma incoerência e um enorme equívoco.

 Há, dentro da teologia, um equivoco na interpretação do novo nascimento, por isso a maioria dos cristãos não nasceu novamente. Na verdade, não existe experiência espiritual maior que o novo nascimento antes do acesso ao Reino de Deus. Tudo na vida espiritual começa com essa regeneração. Se alguém não nascer de novo, (ou se iluminar), não terá como desenvolver a sua vida espiritual em nenhum  nível, ou sentido, pois não acessará ao Reino de Deus.

 A segunda palavra que também se aplica ao acesso ao Reino de Deus,  sobre a qual quero refletir é a palavra Salvação”.  A palavra salvação do latim “SALVARE” significa “SALVAR” e “SALUS” que é igual a saúde e ajuda em português. Do grego “SÕTERIA” significa cura, recuperação, remédio, redenção, bem-estar e paz.  No grego ainda temos o termo “SÕSÕ” que significa, salvação e libertação ao máximo, em todos os aspectos: espiritual, emocional e físico. A palavra “Salvação” portanto, é um termo abrangente, que inclui tudo que Jesus ensinou aqui. Esse é o aspecto do plano completo da salvação.

 No entanto, esse plano parece uma utopia aos nossos olhos. Quem tem conseguido viver nesse nível? Bom, a Bíblia diz que Jesus viveu e a história diz que aqueles mencionados acima, como heróis da fé, viveram também. Mas a maioria dos cristãos nunca viveu nem de longe do que a palavra salvação significa. Você conhece alguém que tenha vivido a salvação nesse nível?

O terceiro termo tem a ver com Libertação. O que é libertação? Jesus disse: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (Jo 8.32). Fica bem claro aqui que não é o conhecimento da verdade que liberta o homem, mas a verdade. Mas sem o conhecimento da verdade não há libertação. Primeiro deve vir o conhecimento da verdade e depois a libertação pela verdade. No entanto, o tema libertação é muito abrangente também. Podemos imaginar libertação espiritual, física, psicológica e emocional; libertação financeira; libertação do jugo humano, seja ele qual for; e por último libertação religiosa,    que inclui a libertação das crenças e dogmas religiosos. 

 Quero me ater um pouco mais sobre a libertação espiritual. Uma vez libertos nessa área, em todas as demais áreas, também, somos libertos. Mas aqui cabem duas perguntas: o que é a verdade e como conhecê-la. Sobre a primeira pergunta veja aqui. E sobre a segunda pergunta, vamos fazer algumas considerações. Se sabemos o que é a verdade, precisamos agora, saber como conhecê-la. Existem dois tipos de conhecimento, um pelo intelecto e outro pelo espírito, coração, consciência, por revelação. Essa revelação depende também do conhecimento, mas de um conhecimento que nos vem por insight, do mais profundo do nosso ser e não pela capacidade intelectual. O primeiro tipo, seguramente, não nos leva a nenhuma libertação na esfera espiritual, por isso consideramos como imprescindível  o segundo. Podemos ter o QI mais elevado possível e ler “todos” os livros do mundo e ter “todo” conhecimento científico e teológico  do mundo e mesmo assim não conhecermos essa verdade que liberta,  por ser todo esse conhecimento do intelecto. Não é da capacidade intelectual que precisamos para o conhecimento da verdade que liberta.

 Mas há um meio para se conhecer essa verdade, só um meio. Quando fomos concebidos pelos nossos pais, foi disponibilizada dentro da nossa alma, a cada um de nós, essa verdade, verdade universal, que é a única verdade que liberta, verdade Divina. E essa verdade está escondida no âmago da nossa alma e só pode ser acessada com o novo nascimento.  Como a nossa alma, mesmo sendo divina e imaculada, foi encapsulada pelas camadas criadas pelo nosso “ego”, ficamos desconectados com Deus e em trevas. Por isso esta verdade está oculta dentro de nós e só é revelado mediante a regeneração ou iluminação. Na verdade, o conhecimento dela já é o processo do novo nascimento,  por isso liberta. É o processo da libertação da alma do cativeiro e das amarras do dos impulsos do Ego: ligação e rejeição, querer e rejeitar.

 A alma nunca foi corrompida e nem tão pouco perdeu sua comunhão com Deus; o que aconteceu foi que o homem perdeu sua conexão com  ela, ficando  espiritual, emocional e psicologicamente separado de Deus. Jesus disse: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito/alma está pronto, mas a carne é fraca"(Mt 26.41). A alma sempre esteve pronta e sempre está pronta.  Essa  é a centelha divida dentro do homem. Quando nos conectamos com a nossa alma consequente e automaticamente nos conectamos com Deus, pois a nossa alma  é uma com Deus e ininterruptamente interligada com ele. Jesus disse: “O reino de Deus está dentro de vós”, está na alma.

 Deus não habitaria em uma dimensão nossa que estivesse maculada. É na dimensão espiritual do homem que está esta verdade, esse reino de Deus. Nessas palavras de Cristo está a verdade que liberta, cabe ao homem se valer dela ou não. Se o homem tem a predisposição para essa verdade ele vai procurar um meio para conhecê-la. E ele só pode descobrir essa verdade dentro dele, procurando pelo autoconhecimento. Ninguém pode conhecer verdadeiramente o reino de Deus a não ser através do autoconhecimento, pois o reino está dentro dele! Ele não vai achá-lo em outro lugar! Essa é a única maneira segura para se conhecer a verdade. Quando buscamos conhecer a verdade por leituras de livros, sejam eles quais forem, caminhamos para confusão. Toda escrita está sujeita a manipulação do homem, e é manipulável. Mas quando procuramos conhecer a verdade no nosso íntimo (espírito/alma), a mesma nos é revelado de uma forma cristalina, sem margem de erro ou dúvida. Nos livros só encontramos orientação para conhecermos a verdade no nosso interior. A Busca, no entanto, é particular de cada um; depende do esforço pessoal de cada. Fica claro, portanto, que o novo nascimento ou iluminação nos leva ao reino de Deus na prática.

 O quarto termo tem a ver com a palavra IluminaçãoA iluminação é a nossa reconexão com a dimensão espiritual dentro de nós mesmos. A partir dessa experiência abre-se um canal para o conhecimento elevadíssimo da verdade absoluta em Deus.

O Salmista disse: “Porque fazes resplandecer a minha lâmpada; o SENHOR, meu Deus, derrama luz nas minhas trevas” (Sl 18.28). A lâmpada aqui, era a sua alma e as trevas eram a parte humana de Davi.

 Davi tratava aqui, do que chamamos hoje de Iluminação. Quando estamos sem a Iluminação, estamos em trevas; a nossa lâmpada não resplandece. Por isso Davi expressou assim. 

E Samuel disse: “Tu, SENHOR, és a minha lâmpada; o SENHOR derrama luz nas minhas trevas” (2 Sm 22.29) . Todos nós temos uma lâmpada dentro de nós, que é a nossa alma, resplandecente ou não.

 O quinto termo tem a ver com a vida plena e abundante da qual Jesus falou. Um estado de paz e descanso profundos. Depois da reconexão ou iluminação, começamos viver no nosso dia a dia o que Jesus disse: “eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10). O homem religioso passa a vida toda buscando esse nível de vida fora de si mesmo e não atenta para a verdade de que o recurso para essa vida está dentro de si mesmo. Esta é a vida plena e profunda que tanto desejamos.

  O sexto termo tem a ver com  a Auto realizaçãoChamamos esta experiência de auto realização pelo fato da mesma acontecer quando o homem se predispõe a realizar-se primeiramente no desvendamento dos recursos encontrados no seu próprio interior, que é o Reino de Deus. Quando isso se torna o ponto máximo de sua vida e realizações.

 Outro termo tem a ver com o estado de paz e descanso profundosA paz profunda também é oriunda dessa reconexão. Uma está ligada a outra. Esta é uma paz estável que não depende das circunstâncias externas e sim do estado interno. Nada pode abalá-la. Na nossa dimensão espiritual está a quietude de um estado sereno de calmaria, no mais profundo do nosso ser. É como as profundezas do oceano. Na superfície dos oceanos há uma enorme agitação, mas quando descemos às suas profundezas, tudo é calmaria, tudo é sereno e cheio de quietudes. Na nossa busca do Divino, superficialmente não conseguimos detectar nada, mas quando penetramos às suas profundezas, encontramos todas as razões para ficarmos em paz profunda conosco mesmos, com o próximo e com Deus, independentemente da situação que estamos vivendo.

 O salmista Davi disse: “Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz (Sl 37.11). A terra aqui pode ser comparada com a experiência do Reino de Deus.

Salomão disse: “Os seus caminhos são caminhos deliciosos, e todas as suas veredas, paz (Pv 3.17). O caminho da reconexão com Deus é um caminho delicioso e de profunda paz e segurança.

Isaias disse: “Ah! Se tivesses dado ouvidos aos meus conselhos! Então, seria a tua paz como um rio, e a tua justiça, como as ondas do mar.” (Is 48.18). Na BV “Ah, como seria bom se vocês tivessem obedecido os meus conselhos! Teriam paz que não termina, como um rio que corre sem parar; teriam justiça constante, como as ondas do mar que nunca deixam de quebrar na praia”. Os conselhos são os ensinamentos para buscar o reino de Deus em primeiro lugar, como Jesus disse no NT. Vejamos o que Jeremias disse: “eis que lhe trarei  saúde e cura e os sararei; e lhes revelarei abundância de paz e segurança” (Jr 33.6).

 Certo professor pediu a dois de seus alunos que fizessem um desenho, cada um, que pudessem expressar uma demonstração de paz. Um desenhou um lago paradisíaco, com águas serenas, cheio de flores em suas ribanceiras, com a luz do por do sol, e que demonstrava muita paz. Mas o outro desenhou uma cachoeira agitada e bem próxima das águas  despencando, ele desenhou uma galha de uma árvore que pendia  sobre a cachoeira e na ponta da galha um ninho, e sobre o ninho uma ave mãe cobria tranquilamente seus filhotes, mesmo naquela grande agitação. O último desenho, para aquele professor, foi o melhor, pois retratou a paz diante daquela turbulência toda. A paz advinda dessa Reconexão não pode ser abalada por nenhuma agitação ou circunstâncias externas das nossas vidas.  Paulo disse: E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração..." (Fp 4.7). Essa paz, de acordo com Paulo, está acima do nosso entendimento. Podemos senti-la, mas não podemos entender ou explicá-la.

 Quando nos reconectamos com o nosso interior, acessamos o amor de Deus que está depositado ali, como Paulo disse“Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração ...” (Rm 5.5). Paulo não disse aqui que o amor será derramado, e sim que está derramado. Há um depósito do amor de Deus no nosso interior, na nossa alma, que com a reconexão flui como rio. O amor é o único mandamento para nós hoje.

 Jesus disse mais: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.” (Jo 7.38). Veja que as águas já estão no interior de cada pessoa, podemos imaginar como um mar de águas quietas; mas quando a pessoa se conecta com Deus, com sua dimensão divina, essas águas fluem como rios e sem medida (Jo 3.34). É tudo de que precisamos.

 Na Reconexão (ou Iluminação), o nosso ser é dissolvido em Deus; tornamo-nos um com ele; unificamo-nos com ele em tudo. Passamos a ver com suas perspectivas no que se refere às pessoas e não as julgamos mais de acordo com os nossos critérios e sim com os de Deus, que é o puro amor. Como na Bíblia está escrito: “Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça” (Lc 6.37; Jo 7.24).

 A nossa unidade com Deus se torna tão profunda que quando as pessoas olharem para nós não conseguirão perceber a diferença entre, (cujo “entre” não existe mais), nós e ele; misturamo-nos plenamente com ele. O seu amor derramado em nossos corações nos torna um só amor com ele, e assim como Deus é amor, nos tornamos, também, a encarnação desse amor. Por isso trataremos todas as pessoas com as quais nos envolvermos no mais puro amor e o nosso amor por elas será definitivamente incondicional, sem importar com o que elas são, fazem ou deixem de fazer. Não as julgaremos, ao contrários, as amamos do jeito que são. Aí, sim, a verdadeira vida começa. Essa vida pode ser chamada do jeito que você quiser, não importa a nomenclatura. Vida plena, vida abundante, vida profunda, vida frutífera, vida no pleno mover do Espírito, vida na plena unidade com Deus, vida dissolvida em Deus, vida de pleno descaso, vida de plena paz. Tudo faz parte do Reino de Deus dentro de nós. Quem não deseja, do fundo do coração, essa vida?!

 O desenvolvimento da consciência espiritual começa quando, pela primeira vez, percebemos que aquilo que apreendemos através dos sentidos da visão, da audição, do olfato, do tato e do paladar não é a realidade das coisas. Retirando por completo a atenção das aparências, o primeiro raio da iluminação espiritual nos traz um fulgor do divino, do eterno e do imortal. Isso, por sua vez, torna as aparências menos reais para nós, tornando-nos assim mais receptivos à iluminação.

 Nosso progresso rumo à dimensão espiritual ocorre na medida da nossa iluminação, o que nos capacita apreender cada vez mais a Verdade. O enfoque usual da vida se deve a uma interpretação errônea, devida à falsa percepção das coisas; por isso devemos abandonar qualquer intenção de curar, corrigir ou mudar o cenário material para que possamos ver a Verdade nele oculta.

 O amor incondicional e a aceitação de toda a vida colocam sua consciência em um lugar mais elevado, permitindo que a compreensão e a compaixão se desenvolvam. Esse amor e aceitação dos outros é um reconhecimento pela dimensão espiritual dentro dessas pessoas e não depende de seu comportamento externo. O amor incondicional também inclui um respeito geral pelas crenças dos outros, independentemente de quanto eles podem, ou não, se alinhar com nossas próprias crenças. Deus leva em consideração todo propensão em direção à dimensão espiritual.

A Reconexão espiritual (ou o Reino de Deus) começa a nos ser concedida quando da primeira busca da Verdade de nossa parte. Acreditamos estar procurando o bem e a Verdade; contudo, foi a luz que começou a brilhar em nossa consciência e nos impeliu a dar aqueles primeiros passos. Todo aumento de nossa compreensão espiritual representa mais luz para nós, que expulsa as trevas dos sentidos. Este fluxo de iluminação continuará até que tenhamos compreendido por inteiro que a nossa verdadeira identidade é a "luz do mundo".

 Sem a Reconexão , lutamos contra as forças do mundo, trabalhamos para viver, nos esforçamos para manter nossa posição e competimos por riquezas e honrarias. Muitas vezes lutamos contra nossos amigos, para acabarmos percebendo que lutamos contra nós mesmos. Não há segurança nas posses materiais, mesmo que tenhamos vencido a luta pela sua obtenção.

 A Reconexão  nos traz primeiro a paz, e depois a confiança e a segurança; isto nos dá repouso das contendas do mundo, e então todo o bem flui para nós pela Graça. Podemos agora perceber que não vivemos pelo que ganhamos ou conquistamos; vivemos, sim, pela Graça.

 Tudo que temos é dádiva de Deus; não ganhamos o nosso bem, pois que já o possuímos; sempre esteve conosco e em nós. "Filho, tu estás sempre comigo, e tudo que tenho é teu" (Lc 15.31).

 Os prazeres e os sucessos do mundo nada são se comparados com as alegrias e os tesouros que se desdobram diante de nós pela consciência espiritual. À luz da Verdade, os maiores triunfos e felicidades mundanos são como nada, diante dos tesouros da Alma e sua imensa glória, insondável e desconhecida pelos sentidos.

 Possuindo a Luz divina dentro de si, ganha o homem sua liberdade do mundo, e a segurança contra todos os perigos terrestres e humanos. Nosso momento histórico tem amedrontado e assustado a muitos. Os espiritualmente  reconectados reconhecerão que nenhum bem aparece ou desaparece, que a atividade espiritual tem por natureza a realização, e que, como a sua Reconexão  lhes revelou a verdade dos fatos, eles estão ancorados à Alma, à consciência divina, à paz espiritual, à segurança e à serenidade.

 Não mais temeremos as mudanças das condições exteriores, que não passam do reflexo da totalidade interior. Com a certeza de que somos consciência espiritual individual, embora infinita, e que incorpora todo o bem, não mais precisamos levar em consideração aquilo que os sentidos nos mostram.

 A Reconexão espiritual revela a harmonia do Ser e dispersa as aparências captadas pelos sentidos materiais. Ela nada muda no universo, pois que o universo é espiritual, habitado pelos filhos de Deus, mas muda nossa visão do universo. Este é apenas o começo deste vasto tema, e enquanto discutimos a seu respeito, mantenhamos nosso pensamento o mais longe possível do mundo dos sentidos e ancorado à conscientização da realidade espiritual.

 A Reconexão espiritual dispersa a visão do "eu pessoal" com seus problemas, doenças, idades e erros. Revela o Eu verdadeiro, o Eu que Eu Sou, ilimitado, irrestrito, sem problemas, harmonioso e livre. Este Eu em nós nos será revelado quando nos recolhermos dentro de nós mesmos diariamente e aprendermos a "ouvir" e a observar. Assim, em vez de ficarmos ansiosos sobre o trabalho do dia, ou sobre os eventos futuros, deixemos a que nossa Consciência Divina (Deus) vá à nossa frente aplanando e preparando o caminho, e deixemos que esta influência divina permaneça à nossa retaguarda, salvaguardando cada passo das ilusões dos sentidos.

  A consciência reconectada sempre sabe que existe uma Presença infinita, todo-poderosa, que faz prosperar todos os atos e que abençoa todos os pensamentos. Sabe que todos aqueles que cruzam o nosso caminho sentem a bênção do nosso pensamento, da nossa luz.

 Quando a consciência está inflamada com a Verdade e o Amor, destrói todo sentido de medo, toda dúvida, todo ódio, inveja, doença e discórdia — e esta pura consciência é percebida por todos os que encontramos, e lhes alivia os fardos. É impossível ser a "luz do mundo" e não desfazer as trevas dos que nos rodeiam.

 A Reconexão espiritual nos revela que não somos mortais — nem mesmo seres humanos —, mas que somos puro ser espiritual, consciência divina, vida que se auto sustenta, mente oniabrangente. E esta luz desfaz as ilusões do sentido pessoal. Somos espirituais  e consciências vivendo em corpos humanos.

 A Reconexão Divina desfaz todas as amarras materiais e une os homens uns aos outros com as douradas correntes da compreensão; ela só reconhece a liderança da Fonte do ser. Não há rituais ou regras: somente o divino e impessoal, Amor universal; não tem outro culto que não seja a chama interior que fulgura eternamente no santuário da alma.

  O iluminado caminha sem medo — pela Graça.

Sabemos que somos a realização de Deus, somos a condição de consciência onde emana a Luz de Deus, e isto é ter a mente espiritual. A percepção que em cada indivíduo há a presença de Deus, e que tudo o que ele é, é uma aparência de Deus, é a consciência espiritual. A compreensão que tudo o que vemos, ouvimos, tocamos, cheiramos ou saboreamos com nossos sentidos não passa de um conceito finito de realidade e que não tem relação com a realidade espiritual, é sentido espiritual.

 A Luz da consciência individual revela o mundo da criação de Deus, o universo da realidade, os filhos de Deus. Sob esta Luz, desaparece o cenário da mortalidade e o mundo de conceitos; "este mundo", cede lugar ao "Reino de Deus", à realidade das coisas como elas são.

Temos também com frequência a sensação de, no nosso íntimo, temos companhia. Sentimos um calor interior, uma presença viva, uma segurança divina. Sentimos, por vezes, uma mão forte sobre as nossas, ou uma face sorridente por sobre nossos ombros. Nunca estamos sós, e sabemos disso. Esta Presença suave nos dá tranquilidade interior; permite-nos relaxar das labutas do mundo e nos brinda com a alegria da paz. Na verdade trata-se de um "paz, sê quieto" frente aos problemas e tensões do humano existir. É uma influência reparadora dentro de nós, e todavia pode ser percebida por todos que estão à nossa volta.

 Esta Presença interior da qual tomamos consciência é a Verdade em si mesma, que se nos revela como presença, poder, companhia, luz, paz e poder curador — como o Cristo. A consciência deste Ser interior é o resultado de nossa maior iluminação espiritual, de nossa consciência espiritual cultivada. Esta Verdade é o Deus que cura nossos males e que caminha à nossa frente tornando suaves nossos caminhos. Esta Verdade é a riqueza que se mostra sob a forma de suprimento farto. Nenhuma circunstância ou humana condição pode reduzir a nossa riqueza, enquanto habitarmos nesta consciência da presença do Amor.

Estabeleça esta verdade dentro de você, e ela se tornará o seu verdadeiro ser, sem conhecimento de nascimento ou de morte, juventude ou velhice, saúde ou doença — apenas a eternidade do ser harmônico. Esta verdade desfaz todas as ilusões dos sentidos, e revela a infinita harmonia do seu ser; desfaz a mortalidade e revela sua imortalidade. Devemos nos livrar de qualquer coisa, em nossos pensamentos, que não seja a divina Presença, o Eu Real, para podermos  beber a pura água da Vida e comermos o pão espiritual da Verdade.

 Temos de livrar o coração dos erros do nosso eu, da obstinação, dos falsos desejos, da ambição e da ganância para refletir a luz da Verdade, como um diamante perfeito reflete sua própria luz interior.

Cerca de quinhentos anos antes de Cristo, alguém escreveu: "Pode facilmente acontecer que alguém, tomando banho, pise em uma corda molhada e imagine tratar-se de uma serpente. Ficará horrorizado, tremerá de medo ao antecipar, em pensamento, as agonias causadas pela mordida venenosa da cobra. Que grande alívio sentirá ao constatar que a corda não é uma serpente! A causa do seu pavor estava em seu erro, em sua ignorância, sua ilusão. Reconhecendo a verdadeira natureza da corda, voltará sua serenidade; ficará aliviado, contente e feliz. Este é o estado de espírito de quem descobre que não há um eu caído e irrecuperável, e que a causa de todos os seus problemas, cuidados e vaidades, não é senão uma miragem, uma sombra, um sonho".

 Reafirmamos, a Reconexão (ou o Reino de Deus) revela que não existe o erro, que aquilo que nos pareceu ser a serpente — pecado, discórdia, doença e morte — é a Verdade mal interpretada pelos nossos sentidos limitados. Assim, a discórdia não é para ser odiada, temida ou lamentada, e sim reinterpretada, até que a natureza verdadeira da corda — a realidade — possa ser discernida pelos sentidos espirituais. A cobra — doença ou discórdia — é apenas um estado mental, que não corresponde à realidade exterior. Devemos compreender que nenhuma ilusão pode assumir forma exterior.

 A Reconexão espiritual pode ser alcançada por aqueles que constantemente vivenciam a consciência da presença da perfeição, e continuamente traduzem as aparências para a Realidade. Todos os dias e noites nos defrontaram com aparências desarmoniosas, e estas devem ser imediatamente traduzidas pela nossa compreensão da "nova língua", a linguagem da Iluminação.

 Todos os acontecimentos do nosso dia-a-dia nos oferecem novas oportunidades de usarmos nossa compreensão espiritual, e cada uso dessas faculdades espirituais resulta em maior percepção espiritual que, por sua vez, nos revela sempre mais e mais da luz da Verdade.

"Orai sem cessar... e conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará."

Reinterprete as aparências e os fatos da vida diária nos termos da nova língua, a língua da constante iluminação, e a consciência sofrerá uma expansão contínua, até que a tradução ocorra automaticamente, sem a necessidade de se pensar.

 Isto tornar-se-á um estado habitual de consciência, uma percepção constante da Verdade. Só desse modo poderemos ver nossa vida se desdobrar com harmonia a partir do centro do nosso ser, sem que para isto precisemos conduzir qualquer pensamento. Nossa vida, em vez de ser uma sequência de "demonstrações", tornar-se-á o feliz, harmonioso e natural desdobramento do bem. No lugar dos contínuos esforços para atrair o bem, vê-lo-emos emanar visivelmente a partir das profundezas do nosso próprio ser sem esforço consciente de nossa parte, quer físico quer mental. Não mais dependeremos de pessoas ou circunstâncias, nem mesmo do nosso esforço pessoal. A iluminação espiritual nos permite abandonar os esforços pessoais e confiar cada vez mais na Divindade que está dentro de nós, que se revela e desdobra como cada um de nós.

 Na nossa busca constante,  um dia, no nosso interior, algo acontece. A consciência (o conhecimento) se expande e vê aquilo que antes era invisível. Sentimos um fluxo de calor: uma Presença, antes desconhecida, torna-se tangível, muito real. Isto, muitas vezes, é uma experiência fugaz. Podemos mesmo duvidar que ela tenha ocorrido. Subsiste na memória, mais como um sonho do que como uma realidade, até que se repita, e desta vez com mais clareza, mais definição, e, talvez, por um tempo maior. Aos poucos se fixa na nossa consciência a percepção de uma Presença constante. Esta Presença pode ser sentida como que furtiva por trás da consciência ordinária. Por vezes se torna uma Presença imperiosa, que domina a situação ou a experiência daquele instante.

 Nesse momento, contudo, o mal se torna menos real; a doença não é tão aguda; a tensão financeira e mesmo a necessidade cedem caminho para a suficiência; a preocupação consigo mesmo desaparece, pois as necessidades são satisfeitas sem aflições, sem que planejemos, sem que nos aborreçamos ou temamos. As pessoas ou os poderes que antes temíamos, se esvanecem agora da vista, ou até desaparecem da nossa vida, ou então são vistas em sua impotência. Os desejos se fazem menos pungentes. Os medos se esvaem. Segurança, confiança, atenção e entusiasmo se tornam evidentes, não apenas para nós mesmos, mas também para aqueles que encontramos e com quem lidamos na vida quotidiana.

 A Presença interior (o Reino de Deus) torna-se também um Poder interior. De uma experiência fugaz, transforma-se em consciência contínua. A força da dor e do prazer na vida externa diminui, enquanto nos tornamos cientes de um poder interior que é real, e que gera e direciona a vida externa de modo harmonioso e proveitoso. Não há mais o medo do mundo exterior, nem há o prazer intenso nas alegrias do mundo exterior. É possível ter os prazeres do mundo e se alegrar com eles, ou não tê-los e não lhes sentir a falta. O que passa a existir, é uma alegria interior que não precisa de estímulos externos.

 Nesse estado de consciência, reconhecemos Deus como sendo a luz interior ou, no mínimo, sentimos esta luz como uma emanação de Deus. Deus é sentido como uma Presença divina, ou uma Influência interna. E é sentido por aqueles que entram em contato com o homem que encontrou seu Eu profundo. Reflete-se na sua saúde e no seu sucesso. Irradia dele como os raios irradiam do sol.

 Encontrando sua vida interior, o homem encontra a paz, a alegria, a harmonia e a segurança. Mesmo em meio a um mundo tão decadente, ele permanece indiferente e intacto — é a exata presença do Ser imortal.

 Quando não mais estamos limitados pelos cinco sentidos materiais e alcançamos, mesmo em parte, o sentido espiritual, ou a Consciência Divina, nós não mais nos sentimos limitados pelos termos aqui ou acoláagora ou depois. O que há é um entrar e sair sem qualquer sentido de espaço e de tempo, um desdobrar-se sem graduações, uma percepção sem um objeto.

  Nesse estado de consciência, desaparece o sentido de finitude, e a visão se torna sem fronteiras. A vida é vista e compreendida como uma forma totalmente liberta e de beleza infinita. Mesmo a sabedoria milenar será abarcada em instantes. A morte desaparece, e vemos novamente aqueles que foram separados de nós por esta barreira tida como intransponível. Esta comunhão não é a comunicação  como é entendida nos ensinamentos espíritas; é antes uma conscientização da vida eterna, intocada pela morte. É a realidade da imortalidade que é percebida e compreendida; é uma visão da vida sem começo nem fim. É a realidade trazida à luz. Nesse estado, não há barreiras físicas de espaço e de tempo. A visão abarca todo o Universo; funde o tempo e a eternidade; inclui todos os seres.

 Nessa luz, vemos não com os olhos; ouvimos sem os ouvidos; compreendemos coisas que desconhecíamos. Onde nós estamos, Deus está, pois não há mais separação ou divisão. Aqui não há recompensas ou punições. Há harmonia. A vida não depende de um processo; nós não vivemos só do pão. Temos a sensação de espreitar para o céu e ver o que olhos mortais não podem ver.

 O processo da nossa Reconexão Divina pode ser comparado com o processo que o carvão passa para se tonar um diamante. Com exceção do tempo que leva o processo. Olhando para o carvão, nunca nos ocorreria que ele se transforma no diamante. Os elementos contidos num pedaço de carvão são os mesmos encontrados no diamante. Essencialmente, não há nenhuma diferença básica entre eles. Após passar por um processo que leva milhares de anos, o carvão toma-se diamante.

 Mas o carvão não é considerado importante. Ao ser guardado numa casa, o carvão é armazenado onde não possa ser visto pelas visitas, enquanto os diamantes são usados ao redor do pescoço ou no peito para que todos possam vê-lo. O diamante  e o carvão são a mesma coisa: são dois pontos da jornada de um mesmo elemento. Se você estiver contra o carvão por ele não ter, à primeira vista, nada para oferecer além de fuligem negra, a possibilidade dele se transformar em diamante acaba aí mesmo. O carvão pode ser transformado em diamante. Mas nós o odiamos. E assim, a possibilidade de qualquer progresso é fechada. Podemos nos ver a nós e cada um dos outros, com os quais nos interagimos, como carvão, mas nunca nos esquecermos do que podemos ser no amanhã, depois do processo da iluminação.

 Tudo se resume com o acesso e ativação do “Reino de Deus Dentro de Nós”. Iluminação, Reconexão, Libertação, Salvação, vida abundante e plena, está estritamente ligados ao novo nascimento. Nenhuma dessas coisas acontece isoladamente, estão profundamente interligadas. Por exemplo, ninguém pode dizer: eu nasci novamente, mas não conheço a verdade, ou, eu conheço a verdade, mas não nasci novamente. Ou ainda, eu sou salvo, liberto, iluminado, mas não nasci de novo, não, isso é impossível. Ou mais ainda, eu nasci de novo, mas não estou dentro do Reino, ou vice versa.

 Leia com atenção este texto a seguir: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.

São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?

Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?

Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal”. (Mt 6.19-34). 

 Nesse texto acima Cristo diz somente para buscarmos o Reino do Pai em primeiro lugar e as demais coisas nos serão acrescentadas. Mas fica subentendido, implicitamente, que as demais coisas sós serão acrescentadas, após o Reino ser achado (conscientizado no nosso interior). Após adentrarmos a ele, uma vez que ele está dentro de nós. E para ficar mais claro vamos usar um texto do AT em Jeremias 29.13-14b “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei mudar a vossa sorte”.

 Aqui jaz  o nosso equívoco, o segredo do nosso insucesso:  pensamos  que o buscar é o bastante, mas não é. O segredo do sucesso é achar. Só depois  de estarmos em plena consciência,  sintonizado, entrelaçados, unificados  com este Reino, é que, as demais coisas nos serão acrescentadas. Buscamos e nada acontece, então perguntamos: por que estamos buscando o Reino, em primeiro lugar, e nada está acontecendo? A resposta é: porque ainda não o achamos!  Temos que buscá-lo em primeiro lugar até nos associarmos com ele  no nosso interior.  Fica bem claro no texto que, para o acharmos o mesmo precisa ser buscado em primeiro lugar, e para o buscarmos em primeiro lugar,  precisamos, na busca, o priorizamos acima de tudo. Não buscá-lo com interesses egoístas, como meio para alcançarmos algum benefício, que não seja o Reino em si. Precisamos ter um foco, sem vacilar, nele. Precisamos ocupar a nossa mente com ele. Se assim o fizermos durante o dia, à noite sonharemos com ele. Precisamos torná-lo parte de nós, na nossa respiração, pensamento, imaginação diuturnamente e na nossa ocupação de todo momento. Precisamos encarná-lo em nós. De tal forma que nossos átomos, moléculas e células sejam impregnados pela sua Verdade e Luz. E não descansarmos até que o mesmo se torne uma realidade na nossa vida, parte dela. Isso é o verdadeiro Novo Nascimento,  Reconexão, Iluminação,  Salvação, Vida Plena e Abundante, e muito mais.

 Recordemo-nos  sempre do que o Salmista Davi disse em certa ocasião: “Lembra-te, Senhor, a favor de Davi, de todas as suas provações; de como jurou ao Senhor e fez votos ao Poderoso de Jacó: Não entrarei na tenda em que moro, nem subirei ao leito em que repouso, não darei sono aos meus olhos, nem repouso às minhas pálpebras, até que eu encontre lugar para o Senhor, morada para o Poderoso de Jacó.” (Sl 132.1-5). Sabemos que a morada a qual Davi se referiu no texto tinha a ver com o Templo que ele desejava construir e que foi construído por Salomão, mas hoje a sua aplicação está claramente relacionada com o Reino de Deus dentro de nós. Deus não habita em templo construído pelo homem.

O Reino dos Céus”, é aquele lugar onde toda a doença desaparece e cada necessidade é satisfeita, está dentro de nós!

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